sábado, 25 de fevereiro de 2023

Como passei da enfermagem para a consultoria sobre meditação e sonho

Primeiro, faço a ressalva de que as retrospetivas são sempre um pouco parciais, porque a nossa memória é uma síntese incapaz de abarcar o todo de cada instante da nossa vida, mas é o que nos permite contar uma experiência. Assim, escrevo um pouco sobre como passei da enfermagem para a consultoria sobre meditação e sonho.

Foto de Annie Spratt na Unsplash

Quando era criança foquei-me muito na importância da saúde, o que acabou por me orientar profissionalmente para essa área. Foram vários os fatores que me levaram a fazer o curso de licenciatura em enfermagem e exerci a profissão durante 8 anos. De facto, aprendi muito com a experiência. E, reconheço que a enfermagem é uma profissão extremamente necessária pela intervenção que tem na saúde física, psíquica, emocional, comunitária.

Mas, foi precisamente o meu interesse em explorar as várias dimensões da saúde, que contribuiu para um caminho que passou por deixar a enfermagem. Fiz um mestrado em antropologia médica, onde explorei a vertente cultural da saúde e a vastidão da componente holística, que me levou a resgatar questões antigas do foro existencial. Este interesse, e muitos outros fatores, traduziram-se num doutoramento em filosofia, onde desenvolvi uma tese na área dos sonhos. Agora, posso voltar novamente aos tempos de criança.

Pois, quando era criança tinha uma vivência do sonho muito vívida e lúcida e um grande fascínio por isso. Para partilhar mais uma curiosidade a respeito, quando tinha cerca de 11 ou 12 anos dediquei-me seriamente à descoberta do motivo pelo qual nos sonhos aparentamos aparecer aqui e acolá sem nos lembrarmos dos percursos até aos locais.

Sem saber, esse meu exercício de descoberta dos sonhos foi um exercício de meditação, porque comecei a desenvolver uma atenção plena, quando estava acordada, especialmente durante os percursos (até a casa, até à escola, ...). Isso transformou a minha vivência dos sonhos.

E, em várias fases da minha vida, o questionamento e a atenção sobre determinados aspetos que observava sobre os sonhos, e a existência em geral, resultaram noutras transformações sobre o modo de ver e de viver a vigília e o sonho. A meditação e o sonhar são coisas sobre as quais se pode falar e escrever, mas o seu interesse reside na sua prática, o que me levou à consultoria sobre meditação e sonhos.

Este trabalho também compreende desconstrução, espontaneidade, inocência, e é aqui onde entra o benefício da expressão através da pintura intuitiva, que está ao alcance de todos por não exigir conhecimentos prévios, e da escrita criativa para o autoconhecimento, para enfrentar bloqueios, ...

Para concluir, acho que a meditação (sem técnicas) pode ser a nossa estabilidade, enquanto seres humanos, que interliga e unifica tudo o resto, que dita o nosso caminho e que nos dota da sensibilidade necessária para compreendermos a forma correta de vivermos a nossa vida, que não é padronizada, é única para cada pessoa.

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