sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Ela aparece sobre mim, a fiadeira, que sou eu, porque a vejo por dentro. [...]

Foto de Anton DariusUnsplash

Ela aparece sobre mim, a fiadeira, que sou eu, porque a vejo por dentro. Este artrópode quase tapou as paredes do templo. Teias pendem do teto até ao chão. A guia limpa todo o espaço e pede-me ajuda, mas mal consigo respirar. Distraio-me com a fiadeira, tão perto dos meus olhos, a cuspir lentamente os fios. Fico fascinada com ela, enquanto dança suspensa ao meu redor. Esqueço a guia, esqueço o meu sono, esqueço outros adormecidos que caminham pesadamente até ao espaço ritualista.

Raquel Loio, em O fio da deusa do destino (2022)

8 comentários:

  1. passando para desejar um lindo domingo bjs saude

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  2. Que imagem impressionante
    Da aranha fiadeira
    Tecendo sua teia à beira
    De uma alma diante
    De um delírio ou sonho ante
    O eco que ecoando
    Ressoa e retorna quando
    O som faz a ressonância
    Para voltar da distância
    Refletido e ressoando.

    Um sonho ou pesadelo que se transforma em delírio com o ser humano sentindo ser a aranha fiandeira. Legal, o texto. Parabéns. Abraço fraterno. Laerte.

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  3. A vida por um fio... Belo texto.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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    1. Olá, Graça! É uma excelente observação. Obrigada por comentar. Beijinhos e bom fim de semana.

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